É-se eterno dentro de nós.
(...)
A tarde apaga-se lenta, a Deolinda deve estar a vir aquecer-me o jantar. E eu suspenso a obsessão de te dizer todo o maravilhoso de ti, antes de te imaginar a breve ruga na face e ouvir-te dizer que tolice. Não digas. Se te sentasses aqui à braseira. E se te demorasses comigo um pouco e olhássemos em silêncio a grande noite que desce. Em silêncio. Não te dizer mais nada. E tomar-te apenas a tua mão franzina na minha. E sorrires.

Vergílio Ferreira, em Cartas a Sandra.