Às vezes as pessoas pensam que a pobreza só pode ser sinistra ou triste. Cresci na mesma pobreza do Shuggie e descobri que tínhamos um sentido de orgulho muito forte. A minha mãe, sobretudo, sempre teve o cuidado de garantir que nós [os seus filhos] estávamos sempre no nosso melhor, que mostrávamos sempre a nossa melhor cara. Sempre encarei isso como uma espécie de superpoder, a forma como a nossa mãe conseguia fazer isso tendo em conta que não tínhamos muito dinheiro. Muito do livro é sobre tentar encontrar o sítio a que pertencemos e sobre sentirmo-nos bem no sítio onde estamos. Estão sempre a pedir ao Shuggie e à Agnes para serem normais. Estão sempre a perguntar-lhes porque é que são assim, quando não há nada de errado em relação a eles. Simplesmente não conseguem encontrar o lugar a que pertencem.

Douglas Stuart, em entrevista ao Observador, depois de vencer o Booker Prize.

https://observador.pt/especiais/douglas-stuart-fez-dos-traumas-ficcao-e-ganhou-o-booker-escrevi-shuggie-bain-porque-estava-a-tentar-voltar-para-casa/