Goethe e o poder da literatura

Goethe escreveu Werther, um livro que originou uma onda de suicídios em toda a Europa. Foi um escritor que contribuiu com um exemplo triste (mas fundamental) para que pudéssemos compreender o poder da literatura, para que pudéssemos questioná-la e olhá-la como necessária, fascinante e aterrorizadora, capaz de nos salvar e de nos matar. Os melhores livros são aqueles que nos pedem para morrer e/ou para viver.

Quando um escritor escreve, está a expulsar alguma coisa. A partir daí, a obra deixa de ser dele e passa a ser de quem a leu. Quando a criação nasce, o escritor deixa de poder controlar aquilo que o leitor vai interpretar. Por isso é que existem livros que não são compreendidos, livros que são proibidos, livros que acabam queimados e destruídos. No exemplo triste de Goethe, creio que será injusto responsabilizá-lo pelas mortes consequentes da sua escrita.

Devemos procurar entendê-lo, não para nos matarmos, mas para que a vida possa ser um pouco mais: uma procura constante pela razão da existência, com a consciência de que, afinal, é um privilégio fazermos parte disto.