É preciso também não perdoar

Transcrevo aqui um excerto de uma entrevista que a filósofa Maria Filomena Molder deu ao Expresso (aconselho a sua leitura):

O perdão deixa tudo ser como é? 

Deixa, porque dá o benefício àquele que cometeu o gesto detestável. Eu gostaria de ser perdoada em todos os casos? Não. Há um texto singular da Clarice Lispector sobre o perdão. Acha que posso ler uma passagem?

Claro. 

Chama-se “É preciso também não perdoar”, sobre uma entrevista da BBC a uma prisioneira de guerra: “Há uma hora em que se deve esquecer a própria compreensão humana e tomar um partido mesmo errado pela vítima, e um partido mesmo errado contra o inimigo. E tornar-se primário ao ponto de dividir as pessoas em boas e más. A hora da sobrevivência é aquela em que a crueldade de quem é vítima é permitida, a crueldade e a revolta, e não compreender os outros é que é certo.”

Fonte: http://expresso.sapo.pt/sociedade/2016-06-06-Maria-Filomena-Molder-So-comecamos-depois-de-continuar