Dores de coração

“um brilho de saudade interna iluminou-lhe o coração e o homem cedeu à tentação de abrir a sua camisa para espreitar desajeitadamente o seu próprio peito, mas a transparência ainda não permitia que Odonato observasse com os olhos o que lhe invadia as veias. 

— Nato? é o quê? — Xilisbaba estranhou o gesto. 

— é o quê o quê? — Odonato fechou a camisa. 

— dores no peito? 

— dores no coração. 

— a sério? 

— dores no coração de sentir. deixa lá, minha mulher, os médicos já me garantiram, sofro de saudades acumuladas.” 

Ondjaki, em Os Transparentes.