metemos um novelo de lã numa gaiola e ficamos à espera que ele cante. A esperança, como possibilidade, está sempre mais perto da nossa vida do que supomos, sentada à nossa porta mesmo quando não olhamos para ela. Não podemos é fazer depender a nossa esperança daquilo que não há possibilidade de ocorrer: que um novelo de lã se torne num pássaro. A esperança é um dom, certamente, mas brota de um realismo maduro e vigilante.

José Tolentino Mendonça, em O pequeno caminho das grandes perguntas.