Talvez o nevoeiro não fosse tão cerrado, nem o caminho tão áspero...
Talvez por íntimo cansaço ou por orgulho sombrio se não tenha estendido a mão para não parecer que implorava, ou tão-só pela fadiga de esticá-la, quando ainda era tempo de reter o que se ia...
Talvez a vida tenha sido demasiado desprezada para sequer se pensar em compreendê-la; talvez o nó pudesse ter sido desfeito com mais paciência e talvez não tenha havido piedade nem para com o próprio.
Talvez tenha faltado boa vontade na atenção às coisas e o coração se tenha abrigado atrás de um muro de silêncio; talvez a felicidade dada por perdida ainda não o estivesse...
Talvez... Mas já apaguei a luz do meu candeeiro.
Dulce María Loynaz, em Jardim de Outono.