Há muito tempo que me
procuro.
Há muito tempo que sei
que aquele no espelho
não sou eu.
Fecha os olhos
e resolve assim
o que vês,
poderia alguém dizer.
E continuar:
interrompe
a luz que sustenta
o mundo
e verás que os espelhos
são, afinal, buracos.
Mas, por agora,
só o silêncio.
Há muito tempo que pergunto
estás aí?, és tu?
ouço
estou?, sou?
Há muito tempo que a resposta
não vem.
d.m
Pintura: La Reproduction Interdite, de René Magritte.