“Imperfeito este mundo
E contudo
Recoberto de flores”
Issa Kobayashi, em Primeira Neve.
Sempre que vivi um desgosto, a minha mãe disse-me a mesma coisa: filho, as rosas também têm espinhos. Eu também os tenho, mãe, e há dias em que me assemelho a um ouriço. Mas a questão central no amor não tem a ver com os espinhos das flores, antes com o sangue que conseguimos derramar sem perder os sentidos, antes com a nossa capacidade de florescer.
Pois há até flores que crescem nos lugares impossíveis. Presenciaste alguma vez algo assim? Uma magnólia a surgir do cimento?, uma margarida a espreitar pela fenda do alcatrão?, uma papoila a arrastar-se na pedra?
A Natureza ensina: apesar da adversidade, às vezes a flor desenvolve. Não estavam reunidas as condições, mas ela quis. Por isso, minha mãe, se um dia eu tiver encontrado flor assim, diz-me que o que encontrei foi, afinal, o amor.