E quando desaparecer, gostava de levar tudo comigo no mar. É que eu sou da água, todos sabem disso.

Não me tirem tudo de mim. Se a morte anda por aqui, nada lhe daria mais prazer.

Deixem-me qualquer coisa de mim.

Preciso das minhas mãos inteiras, lavadas ou sujas, não importa. Preciso delas. Para acariciar as crianças, o papel, os amigos, o amor quando ele deixa. Para me acariciar a mim, para me abraçar à falta de abraços. Sim, eu abraço-me. Não só quando choro, mas quando preciso de paz.

Deixem-me de mim, alguma coisa para mim.

Patrícia Baltazar, no livro A RH - (SANGUIS LANGUENS).