A arte, segundo Al Berto

Escreveu assim, em Lunário: 

“E não pintamos, nem escrevemos ou fotografamos para nos salvar, ou então é só por isso que o fazemos. De qualquer maneira, sabemos que se não o fizermos estamos mais rapidamente perdidos, e é tudo… Mas, por outro lado, deparar com a precariedade da vida, e com a inquietante perenidade dos vestígios que nos sobreviverão, torna-se muito doloroso (…) Sabes, Nému… acho que seria sedutor se o fim do corpo se processasse de outro modo, não pelo apodrecimento, mas sim pelo regresso ao que ficou registado nos textos e nas fotografias e nas pinturas; conforme recuássemos, a escrita e as imagens desapareceriam… Atravessaríamos assim a nossa própria memória e apagar-nos-íamos no início dela.”, pág.144.